terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

atrasado...

Histórias de vida... casamentos... viagens... ainda não sei qual será meu assunto de hoje, já que o tempo se tornou muito escasso e não consigo colocar na tela boa parte das reflexões que me ocorrem durante o dia.
Passei um fim de semana agradabilíssimo em Itatiba, na casa de Edna e Valdir, com poucas e boas amizades remanescentes de meu antigo emprego, que deixei há seis anos. Edna e Valdir são o tipo de casal que faz a gente acreditar no casamento – tá, como um bilhete premiado, como dizia Bentinho, antes de se tornar D. Casmurro, ao comentar as fotos de seus pais na parede da antiga casa: “O que se lê na cara de ambos é que, se a felicidade conjugal pode ser comparada à sorte grande, eles a tiraram no bilhete comprado de sociedade”. Para umas poucas pessoas é isso; para a maioria, o amor arrefece e o casamento vai se tornando morno, ou chato, ou cheio de imposições, e em algum momento passa a ser melhor saltar – do bonde, da ponte, ou de qualquer outra metáfora que signifique a impossibilidade de permanecer.
Mas volto a Itatiba: não consigo compreender todo o meu gosto pela vida no campo: adoro paisagem, animais domésticos e até aquelas revoadas de pássaros que eu nunca sei quais são, adoro em especial o silêncio e a tranquilidade. Adoro ver uma horta, sentir o cheirinho da alface ou da rúcula recém-colhidas. Comer frutas ainda meio verdes – porém, ao contrário do que fazia quando era criança, só depois de lavar bem e cortar melhor ainda, para ter certeza de que a fruta não tem nenhum “habitante”. O que não consigo mesmo compreender é que, gostando assim do campo, não tenho a mais remota vontade nem intenção de ir morar fora da loucura que é São Paulo.

Ilhabela

Perdi a senha, preciso aprender novamente a postar, isto é, se estiver postado, é porque deu certo...

Fim de semana prolongado na casa da Glória, em Ilhabela: tempo agradável, muita conversa, boa comida (que nós mesmas preparamos) e a confirmação de que algumas das amizades antigas permanecem para sempre. A conversa que não termina nunca, pois uns assuntos “puxam” outros, há tanto em comum nas peripécias de vida de pessoas próximas: amizades legais e esquisitas, situações corriqueiras e situações esdrúxulas...

Resumo: como cada uma de nós saiu dos relacionamentos afetivos, por exemplo.

A paisagem do litoral norte não poderia deixar de me lembrar das breves temporadas desde 1970, na casa da Sonia na Maranduba. Eram minhas primeiras oportunidades de ir mais longe, pois nessa época viajei pela primeira vez ao Rio, nos anos seguintes fui a Salvador, depois, em janeiro de 1973, já estava eu em meu fuscão vermelho, percorrendo toda a costa sul e aportando em... Buenos Aires. Não sei se os tempos eram menos perigosos então, talvez fossem. O fato é que minha irmã, eu e mais uma ou duas amigas levávamos a barraca e a carteirinha do camping clube e eu já imaginava que o mundo estava a meu alcance. Infelizmente, não estava, o que foi acontecer duas décadas depois, mas isto é assunto para mais adiante.

Em 1970 íamos à Maranduba, que era uma praia quase deserta. Na casa da Sonia havia luz elétrica até 17h, depois precisávamos acender velas ou usar lanterna. E começava a hora do ataque dos insetos & similares: as lagartixas andavam pelas ripas do forro da varanda e de repente uma ou outra caía. Eu me habituei a deitar na rede enrolada em um lençol da cabeça aos pés – literalmente – depois que uma delas caiu em cima de mim. A geladeira precisava ficar aberta porque não havia energia e as surpresas variavam: uma vez encontramos uma perereca na água da forma de gelo.

Nosso meio de transporte até lá era variado: quando fomos em turma grande, fui no carro da minha irmã ou no dos pais da Sonia, mas outra vez fomos no Ford 1929 do Renato, irmão da Sonia. Tenho uma foto pequena dessa viagem, preciso resgatá-la. Outra vez, em 1971, quando eu já era dona do meu primeiro carro (o famoso “Fritz”, um fusca 1955, portanto bem antigo já na época) a Sonia e eu fomos passar um mero fim de semana que se revelaria dos mais importantes de minha vida. Ao contrário do que recomendaria a prudência, demos carona no início da serra, para dois rapazes, que não conhecíamos, porém dar ou pegar carona era usual na época. Deixamos os dois na Lagoinha, praia muito próxima à Maranduba, não sem mostrar onde ficaríamos. Qual não foi a surpresa quando, no dia seguinte, lá apareceram os dois de bicicleta, e ... bem, essa história fica para outra vez. Éramos ousadas, imprudentes? E qual é a medida, quando se tem 20 anos?

Mas hoje me lembrei de uma viagem anterior a essa: o dia em que viemos de Santos até São Sebastião, eu dirigindo o fusca da minha irmã e o tio Chico dirigindo um Corcel reluzente, carro que era a verdadeira coqueluche da temporada. Não havia ainda a Rio-Santos, construída poucos anos depois. Estávamos no Boqueirão, no apartamento da D. Jeane, que havíamos alugado para a semana, quando meu tio falou: vamos tomar sorvete em São Sebastião? E fomos. Realmente, minha vida de motorista aventureira começava bem. Havia trechos de estrada de terra, com e sem pinguelas. Onde não havia pinguelas, a gente ia com o carro para a areia firme, bem pertinho do mar, engatava a segunda e passava rapidamente. E eu não sabia ainda o que é medo em estrada. A paisagem permanecia em boa parte ainda intocada, cortada pela estradinha de terra e pedregulho, com longuíssimas subidas, sem sinalização nem acostamento, sempre um carro longe do outro para evitar que os pedregulhos quebrassem o parabrisa. Adrenalina pura, com o acréscimo de detalhes sobre um ou outro ponto de atracação de barcos. Como meu tio conhecia essa rota? Pelo contato com contrabandistas que ali descarregavam suas mercadorias. Aí começaria uma história muito estranha: eu ter tido um parente que ficou dois anos preso no Carandiru, saiu de lá e em menos de 10 anos tornou-se fazendeiro e pecuarista muito, muuuuito rico... Pena que houve tantos fatos desagradáveis nesse intervalo familiar. O passeio pela trilha anterior à Rio-Santos foi em 1970; os tempos de prisão foram em 1972-73; o enriquecimento começou por volta de 1980. E desde 1985 houve um grande desentendimento e nunca mais falei com essa ala da família, que, aliás, não nos fez falta nem nós fizemos a eles.

Cada vez mais me convenço de que família se compõe parte pela herança genética e parte por... afinidade. Par alliance, como faziam os nobres antigos. Na vida adulta a gente continua visitando uns e deixa outros esquecidos para sempre, sendo a recíproca verdadeira. Humano, demasiado humano.

sábado, 31 de janeiro de 2009

crimes na mídia - e os dois meninos?

Nem preciso escrever sobre o quanto me incomoda viver em um país em que a vida humana vale tão pouco... Mas a interferência da mídia, principalmente da tevê, in loco, cada vez que ocorre uma barbaridade (e ocorrem muuuitas) me deixa realmente injuriada.
No ano passado, a mídia fez um sensacionalismo indescritível, indecoroso, anti-ético e irritante no mais alto grau com as reportagens sobre a "menina Isabela", assassinada aos seis anos possivelmente pelo próprio pai, e sobre a "jovem Eloá", assassinada pelo namorado que não conseguia viver sem ela (!!!). Capas de revistas, reportagens especiais nos jornais, enfim, um consumo patológico da miséria humana.
O que me irrita mais ainda - por incrível que pareça - é a discriminação social feita até mesmo na tragédia. Alguém ainda se lembra dos nomes dos dois meninos maltratados, espancados durante anos e, finalmente, assassinados, esquartejados e - não, não há limite para a estupidez humana - jogados em sacos de lixo, pelo próprio pai, em Ribeirão Pires?
Os dois meninos tinham passagens pela Febem & similares (você não teria? você não fugiria de uma casa ao ser espancado e receber constantes ameaças de morte? pois eles ficaram durante anos, sem que Conselheiros Tutelares, psicólogos, policiais e assistentes sociais acreditassem no que diziam...
Eu faria um monumento em memória a esses dois meninos: sofreram suas curtas vidas nas mãos de um psicopata e sofrem, postumamente, a discriminação da mídia de classe média. Sim, claro. Potencialmente, ninguém de nós vai se identificar com mulatinhos da periferia do ABC, portanto a morte deles não precisa permanecer na mídia dias, semanas e meses. Os repórteres não foram assediar os advogados, os vizinhos, a equipe que deveria ter zelado por eles, os helicópteros não foram sobrevoar o quarto-e-cozinha em que moravam. Eram tão pobres, indesejados e - por isso mesmo - tão rebeldes que não mereceram sequer o lamentável espetáculo da mídia. Revolta-me o estardalhaço, mas essa revolta vai ao paroxismo quando constato que até no mais fundo da miséria humana uns são mais humanos que outros, aos olhos do nosso jornalismo e da nossa classe média. A classe média tem dó dos seres que considera seus semelhantes, porém dedica a mais solene indiferença àqueles que considera seus inferiores... Se alguém tiver outra explicação, mande-me, por piedade!!!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Compensando o tempo perdido...

Perdi a senha, preciso aprender novamente a postar, isto é, se estiver postado, é porque deu certo...

Fim de semana prolongado na casa da Glória, em Ilhabela: tempo agradável, muita conversa, boa comida (que nós mesmas preparamos) e a confirmação de que algumas das amizades antigas permanecem para sempre. A conversa que não termina nunca, pois uns assuntos “puxam” outros, há tanto em comum nas peripécias de vida de pessoas próximas: amizades legais e esquisitas, situações corriqueiras e situações esdrúxulas...

Resumo: como cada uma de nós saiu dos relacionamentos afetivos, por exemplo.

A paisagem do litoral norte não poderia deixar de me lembrar das breves temporadas desde 1970, na casa da Sonia na Maranduba. Eram minhas primeiras oportunidades de ir mais longe, pois nessa época viajei pela primeira vez ao Rio, nos anos seguintes fui a Salvador, depois, em janeiro de 1973, já estava eu em meu fuscão vermelho, percorrendo toda a costa sul e aportando em... Buenos Aires. Não sei se os tempos eram menos perigosos então, talvez fossem. O fato é que minha irmã, eu e mais uma ou duas amigas levávamos a barraca e a carteirinha do camping clube e eu já imaginava que o mundo estava a meu alcance. Infelizmente, não estava, o que foi acontecer duas décadas depois, mas isto é assunto para mais adiante.

Em 1970 íamos à Maranduba, que era uma praia quase deserta. Na casa da Sonia havia luz elétrica até 17h, depois precisávamos acender velas ou usar lanterna. E começava a hora do ataque dos insetos & similares: as lagartixas andavam pelas ripas do forro da varanda e de repente uma ou outra caía. Eu me habituei a deitar na rede enrolada em um lençol da cabeça aos pés – literalmente – depois que uma delas caiu em cima de mim. A geladeira precisava ficar aberta porque não havia energia e as surpresas variavam: uma vez encontramos uma perereca na água da forma de gelo.

Nosso meio de transporte até lá era variado: quando fomos em turma grande, fui no carro da minha irmã ou no dos pais da Sonia, mas outra vez fomos no Ford 1929 do Renato, irmão da Sonia. Tenho uma foto pequena dessa viagem, preciso resgatá-la. Outra vez, em 1971, quando eu já era dona do meu primeiro carro (o famoso “Fritz”, um fusca 1955, portanto bem antigo já na época) a Sonia e eu fomos passar um mero fim de semana que se revelaria dos mais importantes de minha vida. Ao contrário do que recomendaria a prudência, demos carona no início da serra, para dois rapazes, que não conhecíamos, porém dar ou pegar carona era usual na época. Deixamos os dois na Lagoinha, praia muito próxima à Maranduba, não sem mostrar onde ficaríamos. Qual não foi a surpresa quando, no dia seguinte, lá apareceram os dois de bicicleta, e ... bem, essa história fica para outra vez. Éramos ousadas, imprudentes? E qual é a medida, quando se tem 20 anos?

Mas hoje me lembrei de uma viagem anterior a essa: o dia em que viemos de Santos até São Sebastião, eu dirigindo o fusca da minha irmã e o tio Chico dirigindo um Corcel reluzente, carro que era a verdadeira coqueluche da temporada. Não havia ainda a Rio-Santos, construída poucos anos depois. Estávamos no Boqueirão, no apartamento da D. Jeane, que havíamos alugado para a semana, quando meu tio falou: vamos tomar sorvete em São Sebastião? E fomos. Realmente, minha vida de motorista aventureira começava bem. Havia trechos de estrada de terra, com e sem pinguelas. Onde não havia pinguelas, a gente ia com o carro para a areia firme, bem pertinho do mar, engatava a segunda e passava rapidamente. E eu não sabia ainda o que é medo em estrada. A paisagem permanecia em boa parte ainda intocada, cortada pela estradinha de terra e pedregulho, com longuíssimas subidas, sem sinalização nem acostamento, sempre um carro longe do outro para evitar que os pedregulhos quebrassem o parabrisa. Adrenalina pura, com o acréscimo de detalhes sobre um ou outro ponto de atracação de barcos. Como meu tio conhecia essa rota? Pelo contato com contrabandistas que ali descarregavam suas mercadorias...

Como é difícil organizar o tempo...

Não pensei que um blog exigisse tanto tempo. É difícil escrever sobre o presente, dado que fatos interessantes se sucedem com rapidez: ontem (sexta-feira) o fim da minissérie sobre Maysa, anteontem (quinta-feira) um exame médico que me exigiu dois dias sem consumir café, chá escuro, leite & derivados, etc., e a “excursão” a São Bernardo na quarta. Talvez o mais rebelde às tentativas de reorganizar seja o tempo das recordações: a memória é caprichosa e seletiva, fico sempre desconfiada das peças que pode me pregar. Fico sem saber o que é realmente importante para ser registrado, mesmo em um registro parcial, subjetivo, aleatório... Ora, será importante o que eu decretar que é importante, pois não presto contas a ninguém e posso ficcionalizar. Posso, mas não quero. Concluo que o compromisso com a verdade é uma utopia bastante cansativa.

O fato é que algumas horas passadas no centro de São Bernardo me levaram aos anos 60. Ao andar pelo comércio na Marechal Deodoro e arredores, tive contínuas surpresas com as atuais funções ou a aparência de diversos imóveis. Tornaram-se meros estabelecimentos de comércio popular, sem nenhum encanto, algumas das casas em que residiam minhas amigas. Havia na época um ar, se não de opulência, pelo menos do conforto típico da classe média estabelecida, e eu me pergunto se era impressão minha, por ser então moradora de um conjunto habitacional padronizado (central, adequado para nós, porém sem nenhum status social).

Do ponto de vista da minha infância e adolescência, aquela configuração urbana e social parecia imutável. O mundo parecia estratificado, dividido entre pessoas ricas e pobres, porém a linha de separação que parecia uma muralha era um tênue que desapareceu totalmente...

Rua Jurubatuba, 1274

Ontem vi de longe, do alto, do outro lado da cidade: não sobrou nada. Isto é, faz tempo que não sobrou nada das três fileiras de sobrados, com terraços, escadas, um enorme eucaliptal como moldura, tudo desapareceu. Os tipos comuns que foram nossos vizinhos, parecidos com meus pais, ou os tipos exóticos recém-chegados da Itália do pós-guerra nos anos 50, ou os nordestinos com seus nomes estranhos, que chegaram na década seguinte, quantos deles ainda vivem? Aquelas dezenas de crianças que fomos, onde andarão? Já é tema para outro dia, a reflexão sobre a diversidade dos destinos humanos.

Rua Municipal

Poucas vezes entrei na casa da Maria Aparecida. Embora tivéssemos estudado juntas seis ou sete anos, ela era bastante reservada, não gostava de enturmar-se, e não via o menor problema em ser apontada como queridinha (ou puxa-saco, os termos variavam) das freiras. Conhecíamos seus pais, assíduos nas decisões quanto à formatura, por exemplo, sempre votando contra os “bailinhos” ou outras atividades que poderiam nos proporcionar diversão. O pai era industrial, mas os industriais de São Bernardo da época, quando muito, eram donos de fabriquinhas de móveis com menos de uma dezena de empregados, o que lhes permitia fazerem pose de grandes capitalistas na acanhada sociedade local. A casa tão bem estabelecida logo se converteu em lavanderia, o que descobri nos classificados do jornal, quando não conseguia tirar uma mancha enorme do tapete da sala.

Rua Américo Brasiliense

A casa da Silvinha era um sonho! Quando estávamos na 4ª série do ginásio, acompanhamos a construção e a mudança, pois a mãe dela era um verdadeiro mestre de obras, escolhendo pisos, azulejos e mobília, sem deixar nos levar, em sua Rural Willys, para trabalhos em grupo ou preparativos para a formatura. Dentre outros requintes que eu não conhecia até então, construiu-se nessa casa não um “puxadinho”, mas um salão, devidamente mobiliado, para os jovens ouvirem música ou estudarem. Era a casa em que eu (e quase todo mundo) gostaria de ter morado. Poucos anos depois, virou agência de seguros, escritório ou algo assim, e está praticamente em ruínas, pelo jeito, em vias de ser demolida.

Rua Rio Branco

Ah, as casas ao lado da igreja matriz: não havia nada mais chique e poderoso do que morar lá. Eram térreas, como a dos Pelosini, na esquina da rua Santa Filomena, ou sobrados que me pareciam enormes, como a da Ana Ronchetti. Também são estabelecimentos comerciais – a dos Pelosini simplesmente foi demolida e deu lugar a um pequeno shopping, a da Ana continua lá, totalmente descaracterizada. É quase impossível imaginar o ambiente aconchegante que lá existia, em uma família no melhor estilo ítalo-patriarcal, tão típico da cidade.


Acertou o velho Marx ao afirmar que tudo o que é sólido desmancha no ar. Infelizmente, nós todos, também – é apenas questão de tempo...

domingo, 11 de janeiro de 2009

Engordamentos...

Já na segunda semana com blog praticamente não consegui postar nada, o que põe em sério risco minha proposta de escrever muito, contar estórias familiares, registrar minhas impressões sobre o cotidiano...

Não sei como ainda não escrevi nada sobre emagrecimento. Acho que os problemas com aumento de peso torturam 99% da população. Quase todo mundo que eu conheço luta contra a tendência para engordar e tem sonhos simples, porém inalcançáveis, como emagrecer ou simplesmente manter o peso.

Sou uma pessoa a mais nessa estatística. Assim que o primeiro adoçante em gotas chegou ao Brasil – era o Suita, na embalagem de plástico azul, com cerca de 30 ml – eu já estava na porta da Drogasil, na av. Marechal Deodoro para comprá-lo. Muito depois, chegou a Coca Diet, seguida do Diet Dolly. Eu mal tinha completado 18 anos e a sina de ser gordinha nunca me deixou em paz. Certamente tive algum distúrbio de crescimento: parece incrível que uma pessoa bem alimentada como eu fui não tenha ultrapassado 1,55m de altura. Tá, pode ser herança genética. Mas aposto que tenho algum distúrbio metabólico, ou um daqueles problemas de assimilação em excesso de determinados nutrientes, cuja solução a ciência só vai encontrar daqui a séculos...

O pior é pesquisar tudo sobre dietas, tomar moderadores de apetite, mudar o consumo de alimentos (sem carboidrato parte do dia e sem proteína na outra parte), fazer Vigilantes etc. etc., e não conseguir baixar o peso, mantendo ainda algumas dúvidas perenes:

- pode ser que comer à noite seja mais engordante do que comer a mesma quantia antes das 14h. Tem lógica: a gente vai dormir em seguida, não se movimenta, portanto não queima as calorias.

- pode ser que comida light não dê a menor ajuda aos pobres gordos. Comecei a consumir margarina light desde que a inventaram, porém só se divulgou há pouco tempo que margarina tem gordura trans, que se acumula toda na barriga. Talvez eu deva agradecer aos senhores fabricantes e cientistas, pelo aviso tardio... Substitiuí a manteiga, nutritiva e saborosa, por umas pastas de gordura trans, sem gosto e, de repente, isso só serviu para ampliar a circunferência do meu abdômen...

- pode ser que as frutas e os legumes sejam muito saudáveis mas, pelo jeito, são altamente engordantes – a não ser que a gente reduza o consumo a quantidades ridículas, o que eu nunca consegui...

Acho que voltarei a este assunto outras vezes, mesmo que o considere, ante tantos problemas mundiais, pouco mais que uma conversa de dondoca que tem sempre o prato cheio.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Fotobiografia intelectual


Não é novidade para ninguém o quanto a atividade intelectual é gratificante, deliciosa e envolvente para mim. Se eu não precisasse fazer mais nada na vida, apenas ler, seria muito feliz – desde que pudesse manter o convívio com pessoas, as caminhadas e uma ou outra atividade complementar. Vejam só como podem ser modestas as necessidades e aspirações de uma pessoa! Um aspecto curioso sobre minha vida intelectual: desde quando pude incrementá-la com viagens a congressos, ficou muuuuito melhor.

Pois agora decidi: vou organizar fotos, ano a ano, relacionadas a minhas participações em eventos, viagens e que-tais. Pretendo fazer uma retrospectiva, desde uma foto na Universidade Jakob, em Bremen, em agosto passado, até (se meus queridos filhos me ajudarem a escanear), até minha foto com carinha de idiota, de uniforme, com arquinho de florezinhas no cabelo, na segunda série primária, ao lado da bandeira nacional e da estátua de São José, que afinal era o patrono do colégio. Sim, esse ponto inicial - pelo menos o primeiro documentado como "atividade intelectual", deverá ser o ponto final, já que esta autobiografia se propõe ser à rebours...

Eis aí a primeira foto em Bremen: não é exatamente a da minha apresentação no colóquio, pois não sei onde salvei as fotos "oficiais", gentilmente enviadas pelo Hans Joachin. Mas gosto muito dessa foto, tirada em um restaurante na vila próxima à universidade. Não deixa de ser uma homenagem ao Guile, companhia frequente e apoio maravilhoso em boa parte desses eventos. Eu diria que, com o pessoal da ICLA (International Comparative Literature Association), ele até está mais enturmado do que eu - a esse propósito, veremos quando for postado o congresso de 2007 no Rio.

No próximo post, o contraponto: a única atividade mais relevante, o único interesse maior, a única categoria em que me insiro preferencialmente, e que se sobrepõe ante a atividade intelectual, é a vida de mãe e avó. Vou organizar em paralelo (menos, a proposta é não ser cartesiana...) a fotobiografia familiar.